segunda-feira, 6 de agosto de 2012

Candidatos das cidades com pior IDH da Bahia preveem gastos milionários


De acordo com matéria publicada no site do Correio, neste domingo (5), Umburanas, na microrregião de Senhor do Bonfim, uma das mais de 200 cidades  baianas assoladas pela seca deste ano -possui 17 mil moradores analfabetos, de acordo com o IBGE. Nenhuma das nove unidades públicas de saúde locais tem equipamento de hemodiálise, serviço de emergência, internação ou UTI.
 
Mesmo no ranking dos 20 municípios do estado com os piores Índices de Desenvolvimento Humano (IDH), terá uma campanha a prefeito quase cinco vezes mais cara que a de Salvador, na proporção custo por habitante.
 
Os dois únicos candidatos  de Umburanas declararam à Justiça Eleitoral a intenção de gastar R$ 1,3 milhão na campanha. A previsão de Roberto Bruno (PRP) foi de R$ 1 milhão. A da adversária, Mirian da Silva (PDT), mais R$ 300 mil. O que resulta em um gasto médio de R$ 76,47 por habitante.
Para efeito de comparação, em Salvador, a média declarada pelos seis prefeituráveis foi de R$ 15,80 por pessoa. Confrontado com os índices, Roberto Bruno  contemporiza: “Foi um valor alto, que o representante da coligação daqui colocou. Devemos gastar 25% desse valor”.
 
Briga de milhões 
 
Ainda conforme a matéria, entre as 20 cidades que estão na rabeira do IDH baiano, Umburanas é a campeã no gasto de campanha. Mas não está sozinha.  Juntos, os candidatos dos municípios menos desenvolvidos planejam gastar R$ 21,6 milhões nas eleições, média de R$ 45,74 por pessoa. Na maioria dos municípios da lista, apenas dois postulantes concorrem e, em 13 deles, a população não passa de 20 mil.
 
É o caso de Santa Brígida, com 15 mil moradores. Os dois concorrentes da cidade, situada na divisa com Sergipe, planejam gastar R$ 49,80 por habitante.  E, assim como em 18 outros municípios com baixo IDH, Santa Brígida integra o rol dos assolados pela seca, com 86,5% da população afetada, de acordo com a Defesa Civil do estado.
Para chegar ao poder, sete candidatos das cidades menos desenvolvidas da Bahia estimaram gastos dignos de uma campanha nas maiores cidades baianas. Em Araci, no Nordeste baiano, a prefeita Maria Edneide Pinho (PSD) pretende gastar R$ 1,7 milhão na disputa pela reeleição no município de 51,2 mil habitantes. O valor é R$ 200 mil a mais do que foi previsto pelo seu único concorrente, o fisioterapeuta Antônio Carvalho Neto (PDT).
 
Ambos planejaram desembolsar mais do que o prefeito de Feira de Santana, Tarcízio Pimenta (PDT), que previu gastos de R$ 1,2 milhão. Com a diferença de que a população de Feira é dez vezes maior que a de Araci. E, para completar, tem fatores que encarecem uma campanha, como os custos com a produção de propaganda na TV e no rádio.
 
De acordo com o portal da prefeitura, de janeiro a junho de 2012, os gastos em saúde e educação somaram R$ 6,4 milhões e R$ 18,1 milhões, respectivamente.
Previsões milionárias
 
Entre os prefeituráveis das 20 cidades baianas que figuram no pódio do baixo desenvolvimento humano, o  recordista em previsão de gastos de campanha eleitoral é José Valdo Evangelista (PSC), que disputa a prefeitura de Monte Santo, no Nordeste baiano. Zé Valdo, como é conhecido, informou à Justiça Eleitoral que pretende gastar R$ 1,9 milhão na disputa.
 
A previsão de investimento na campanha feita por seus três outros concorrentes foi mais modesta: R$ 750 mil.
 
O administrador João Alfredo (PSB) também está na lista dos candidatos que pretendem gastar milhões na disputa. O prefeiturável de Itapicuru, município com o pior IDH do estado e com um dos 100 mais baixos do país, planeja gastar na eleição até R$ 1 milhão.
 
Com 32,2 mil habitantes, o município só possui oito estabelecimentos públicos de saúde, sendo que apenas um oferece atendimento de emergência e nenhum dispõe de aparelho de hemodiálise, mamógrafo ou ultrassom. Contactado, João Alfredo disse não ter nada a dizer sobre sua previsão de gasto de campanha. Em Jeremoabo, no Nordeste baiano, se os três candidatos juntassem o que pretendem gastar na campanha teriam R$ 2,4 milhões. Informações do Correio.

Nota originalmente publicada dia 5
 

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